quarta-feira, 15 de abril de 2015

Conceitos sobre passadores e novidades

Introdução

Antes de tudo gostaria de ressaltar que o conteúdo deste documento é baseado em experiências pessoais em oito anos customizando e reformando varas de pesca e na teoria de Ryuichi Omura Fujikogyo Presidente da segunda geração da Fuji, que desenvolveu a Teoria de Omura em 1966 causando um reboliço na área e trazendo muitas críticas e discórdias até hoje.



A teoria se baseia em reduzir o diâmetro do primeiro e/ou segundo passador para que a espiral gerada pela saída da linha no molinete seja reduzida e a linha siga com menos atrito pelos outros passadores. Essa teoria se aplica em varas com molinete e carretilhas usando linha de náilon. O caso das carretilhas não se trata de espiral, mas sim ondulações que criam uma senoidal.

Um pouco da história do passador


 
Linha do tempo dos passadores Fuji:

 
Edição Limitada lançada em 2001 com anéis em Rubi e Safira.

HHG,FHG e HVSG:        

Foram os primeiros passadores da Fuji a serem comercializados com este conceito, já descontinuados pela Fuji nos tamanho 20/16/12/10/8 com uma estrutura alta e com diâmetro reduzido para eliminar as espirais e afasta-las do blank.
Ilustrações para melhor entendimento

Esta é a forma convencional, onde o diâmetro dos passadores são maiores e a espiral quase não termina. Desta maneira a perda de rendimento é certa, a vara fica com muito peso e desconfortável, dificultando ainda mais o trabalho do pescador.
 

Aqui já é mostrado com passadores de diâmetro reduzido, podemos perceber que a espiral é reduzida já quase por completo no primeiro passador.


Esta é uma comparação dos passadores utilizados na época de forma convencional e com a aplicação da teoria de Omura.


New Guide Concept + KR Concept = Fuji. Guide Concept

Anos mais tarde em 1995 foi desenvolvido o conceito New Concept Guide, que consiste em aproveitar ao máximo a capacidade do blank numa distribuição de passadores harmônica evitando ângulos e enroscar a linha nos passadores, no caso das carretilhas além dos fatores já citados, evitando que a linha encoste-se ao blank.


Em uma distribuição mais harmônica utilizamos o blank de uma forma mais proveitosa, sem exceder seu limite com pouco peso para arremesso e arrasto, consequentemente fazendo menos esforço.




Ângulos excessivos causam desgaste precoce da linha e também uma maior envergadura do blank.


 Modelos de passadores e aplicações

Diversos modelos e cada um para uma aplicação diferenciada, onde às vezes confundem a cabeça dos iniciantes da customização. Citar todos os modelos de passadores fica extenso e maçante, então falarei apenas dos que estão em evidência e alguns tipos e aplicações. LC(Low Rider), KW, RV, Micro Wave e Torzite.

Comparativos:



Conforme a evolução dos passadores a espiral é finalizada cada vez mais cedo.

LC:

O LC tem como proposta de reduzir as espirais do molinete com sua montagem invertida e diâmetro reduzido, como já foi exposto anteriormente.

Em meados de 1999 o passador LC conhecido como Low Rider foi criado, nos diâmetros 20-16-12-10-8-6, com ele trazendo uma evolução dentro da teoria de Omura, sua anatomia e montagem favorecem muito mais ainda a diminuição das espirais.

Montado de forma invertida no seu primeiro e talvez o segundo passador criam um embate fazendo com que as espirais já diminuam no primeiro e segundo passador dependendo do caso. Quando se monta uma vara de uma parte, usam-se os dois primeiros invertidos, em varas de duas partes onde os dois primeiros passadores ficam no primeiro estágio monta-se com os dois invertidos, em varas de três partes, onde os dois primeiros passadores ficam no segundo estágio também se monta invertidos.



 
Mas muitos não se atentam a realidade dos fatos e não olham como o sistema funciona e que se pode fazer essa montagem com qualquer tipo de passador, basta respeitar as regras.

No próprio catálogo oficial da Fuji vem mostrada a montagem do tipo Low Rider com passadores da série K. Algumas limitações são impostas em cima dos passadores LC, uma delas é o diâmetro da linha utilizada, ela não pode ser maior que 0.24mm, sendo acima perderemos a eficiência, para uso da montagem Low Rider com linhas mais grossas é necessária à montagem com passadores da série K respeitando os limites das linhas variando a cada 0.05 e 0.05 mm na espessura da linha correspondente ao passador.  Ex: Linha 0.25mm começar com passador Nº 25, linha 0.30 começar com passador Nº 30 e assim por diante. Os passadores KW não tem a necessidade de serem montados invertidos como os LC, apenas de muitos montadores na Europa montarem dessa forma.

Algumas empresas usam o LC (Low Rider) de forma errada, não distribuindo de forma correta e usando passadores de forma indevida, detalhes que a Fuji não menciona em seu catálogo, as medidas propostas por ela são apenas para referência, não se aplica da mesma forma em todas as varas, cabe ao customizador ter a percepção da necessidade e aplicar da forma correta a distribuição.

O caso em questão é que ao usar os dois passadores muito próximos um do outro, existe a necessidade de também inverter o segundo, pois as espirais não foram devidamente reduzidas, normalmente onde a necessidade exige dois passadores no estágio do meio ou segundo estágio invertidos. Empresas de renome como Shimano e Daiwa aplicam desta forma, outro erro grave é a quantidade de passadores o conjunto foi feito para ser usado 6 a 7 passadores no entanto muitos utilizar até 12 passadores, atrapalhando o desempenho do blank e tendo um gasto desnecessário.

Em casos na montagem para molinetes os comentários se aplicam, já com carretilhas, não invertemos os passadores.

Varas Shimano com o o segundo passador invertido.


Na primeira foto acima podemos observar três passadores no segundo estágio totalizando 9 passadores em toda vara e também sem a inversão do segundo passador, já na segunda foto o segundo passador não está invertido.   

KW:

Os KW retrocedem um pouco aos antigos passadores largos, mas não deixando de lado a possibilidade de uma montagem Low Rider, promete evitar as laçadas com sua anatomia inovadora.

A proposta da série K, além de utilizar a antiga teoria de Omura também desfaz as laçadas nos passadores.

A montagem com a linha K utilizando o primeiro passador invertido, na tentativa de copiar a montagem com LC é errada e vai ocasionar problemas direcionando a espiral para o blank, tanto para molinete quanto para carretilha.

RV-H e Arowana Top:

Neste ano de 2015 foi lançado o RV-H – Reverse Guide, que nada mais é que uma mistura do conceito dos passadores LC aliado ao anti-laçadas do KW, fazendo um embate para as espirais da linha, a novidade é uma leve inclinação para cima, fazendo com que as espirais se afastem do blank, disponíveis apenas nos tamanhos 25 / 20 /16, para serem usados apenas no início da montagem e em qualquer vara sendo que os demais passadores ficam a escolha do Custom Rod e/ou Cliente. Jutamente lançado o Arowana Top, com uma leve inclinação para fora.

 Reverse Guide tamanhos 25/20/16com anel Torzite F .

Arowana Top tamanhos 3.5/5/5.5 em anel SIC e 6/7/8 em anel Torzite F.


Comparativos em tamanhos, altura e largura dos passadores RV,LC,MN e KW.
Redução significativa da espiral logo no primeiro passador.

Função Anti-Laçadas.
Montagens LC, KW e RV.

Micro Wave:

O Micro Wave, foi desenvolvido pela empresa American Tackle Company com a proposta de também reduzir as espirais para varas de Spinning. O sistema MicroWave Guide System by the American Tackle é composto de: 

1 Stripper Guide – Reduz as espirais.




1 Transition Guide – Faz a transição das espirais reduzidas para os passadores menores.

Running Guides – Fazem o restante do percurso da linha. Quantidade variável de acordo com o tamanho da vara. Também chamados de TidalWave.
Resumindo, eles tiveram a grande sacada de usar a antiga Teoria de Omura em varas de Spinning, mas não pensaram no grande impacto que as espirais exercem no Stripper Guide, onde tem ocorrido quebras deste passador e o TidalWave é uma cópia muito mal feita do modelo KT de pata única fabricado pela Fuji.

Torzite:

O Torzite é a novidade que está revolucionando, mas na verdade tem como conceito a vela teoria de Omura e a aplicação nos passadores LC.

Para entender melhor, vamos a uma pequena explicação de como funciona a ação da linha no anel do passador.

Mais resistência, mais leveza e menos atrito, essa é a proposta da gigante Fuji.
Os passadores Trozite consistem na diminuição em 40% da área do anel fazendo com que a linha corra com mais facilidade.

A passagem da linha pelo passador gera um atrito, e com isso a perda de rendimento é um fator que influência diretamente no resultado do arremesso e consequentemente no resultado final da pescaria.

Materiais como Hardloy, Pedra Onix, Óxido de Alumínio, Zircônia, Alconite e SIC ficaram para traz no tempo assim como muitos materiais usados no passado. Uma cerâmica com proximidade ao anel em SIC tem um atrito muito menor por sua superfície extremamente lisa, diminuindo o atrito. Sua resistência supera os anéis de metal e SIC sendo quatro vezes mais forte e resistente.

Para sua fácil identificação uma marca a Laser com o Nome TZ Torzite é impressa na estrutura do passador.

Existem dois tipos de Torzite para aplicações distintas que devem ser observadas pelo profissional que irá usa-los. Temos o Trozite F e o R.

O F é utilizado onde atritos são gerados por o toque da linha na estrutura do passador, ele possui uma rebarba onde evitará que na batida da linha ele siga seu fluxo sem encostar na estrutura do passador, da mesma forma em ponteiras para que não encoste em sua estrutura.


Normalmente são usados nos primeiros passadores e ponteira apenas, para o restante dos passadores o Torzite R pode ser utilizado sem problemas.

Esta figura mostra claramente como é a estrutura do Torzite F e R em comparação ao SIC.

Considerações:

Diante de tanta evolução temos que admitir que a tecnologia e estudos nos mostra baseados em resultados a eficiência desta novidade, mas nada disso vai mudar o fator Sorte, que pra mim é o principal em uma pescaria bem sucedida.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário